Poesias de Antonio Diniz da Cruz e Silva: Sonetos

Front Cover
Typografia Lacerdina, 1807
 

Selected pages

Popular passages

Page 155 - E quanto via mais , mais vacillava : Se qualquer de per si attento olhava , Km seu favor a lide decidia , Mas logo resolver-se não sabia Quando juntas depois as contemplava, Em fim...
Page 249 - Qui onde com bruta crueldade Do selvagem Cacique honrou a mesa O sangue dos mortaes , cuja fereza Recorda com horror a humanidade ; A-Qui Hoje goza em feliz tranquillidade Illustre assento a gente Portugueza, Que abrindo de agras Serras a aspereza Tosca aldeã tornou culta Cidade. Que o pouco invicto povo Lusitano...
Page 223 - Com que entrais no combate aborrecido , Sem ver que o vencedor, e que o vencido Nelle se cobrem de immortal injuria. '• '• '• Se no Pindo gravar vossa memoria Cantando pertendeis, em melhor metro Podereis alcançar eterna gloria.
Page 102 - Do tempo cm que cantei acordemente As graças que em ti via, e em ti não vejo! Então, com pouco farto o meu desejo, Vivi de Amor escravo, mas contente; Hoje fujo de Amor, fujo da gente, Cruel remédio que forçado elejo.
Page 155 - Se qualquer de per si attento olhava Em seu favor a lide decidia, Mas logo resolver-se não sabia Quando juntas depois as contemplava, • Em fim hum não sei que, que a Natureza Mais liberal com Venus repartira O move a dar-lhe o premio da bclleza. Ah! se igual entre vós lide se vira, O mesmo Páris cheo de incerteza Nunca a grande contenda decidira''.
Page 227 - ... desgraça Comigo tem mudado a natureza. De tiranas lembranças combatido A vida vou passando; e em tal estado A lembrança me tem do bem passado, Que antes quisera nunca haver nascido. O coração em partes dividido Corre do peito aos olhos apressado; E por mais que o suspenda violentado, Sai em lágrimas todo convertido. Oh se a morte, vibrando cruelmente A curva foice, me roubasse o alento! Ou ao menos, se o Fado o não consente, De todo me faltara o entendimento! Pois se a razão perdesse,...
Page 248 - Se a Grécia, da terráquea mole ingente A quarta parte nova conhecera, Aparente razão talvez tivera Para assim fabular a argiva gente. Pois nas frondosas, húmidas campanhas Que, abrindo com a veia caudalosa O Paraíba vai por largo espaço, Só montanhas se vêem sobre montanhas Nas nuvens esconder a fronte umbrosa: Tanto da Natureza pode o braço! (Soneto XLVI...
Page 123 - Saímos pela barra com bom vento, Mas ao terceiro dia de viagem Se alçou do noroeste tal aragem, Que as vagas arrojava ao firmamento. Socegado este horrendo movimento, Em que roncava o mar como urn selvagem, Vimos ao sexto dia de passagem A vinosa Madeira a barlavento.
Page 251 - Corre, já entre serras escarpadas, Já sobre largos campos, murmurando, O Tietê, e as águas engrossando, Soberbo alaga as margens levantadas. Penedos, pontes, árvores copadas, Quanto topa, de cólera escumando, Com fragor espantoso vai rolando Nos vórtices das ondas empoladas. Mas quando mais caudal, mais orgulhoso, As margens rompe, cai precipitado, Atroando ao redor toda a campina.
Page 129 - Desterrado da patria , afflicto , e vago Da adusta Líbia pelo campo ardente , A dor consola , que no peito sente , Vendo as ruínas da infeliz...

Bibliographic information